Conexão México

Cearenses dropam mais uma. A partir de hoje e durante as próximas duas semanas estaremos juntos em mais uma viagem em busca da onda perfeita. Dessa vez o destino será o México e suas ondas perfeitas, pesadas e perigosas. E para que possamos entender a verdadeira essência que move os apaixonados pelo surf escalamos uma equipe de peso para essa missão: Isabela Sousa, bodyboarder cearense atual Campeã Mundial da categoria; Ricardo Martins(45) ou simplesmente Kadinho, grande competidor da década de 1980 que está na ativa a mais de trinta anos surfando todos os dias e Raimundo Bernardo Neto(52), mais conhecido como Pena, surfista de alma e bem-sucedido empresário do setor de moda surf.


Pena dropando em Zicatela. Foto: Natinho Rodrigues

Kadinho e Pena no Line Up de Zicatela. Foto: Natinho Rodrigues

Tubo em Zicatela. Foto: Natinho Rodrigues

Durante os próximos dias eu e o repórter fotográfico Natinho Rodrigues buscaremos desvendar a essência do comportamento e da cultura do surf nos diferentes lugares por onde passaremos, registrando tudo para que o leitor possa se aproximar ao máximo dessa incrível experiência sob uma ótica que contempla a maturidade de dois dos maiores nomes da história do surf cearense com a jovialidade da campeã mundial.

Gastronomia, costumes, lendas, mitos, surf e muita adrenalina serão os ingredientes de mais uma odisséia da página Esportes Radicais do seu Diário do Nordeste. Então vamos nessa em mais uma viagem internacional e México, nos aguarde porque aí vamos nós!

COMO NASCEU ESSA VIAGEM
Tudo começou quando Kadinho me convidou para novamente viajar com ele. Já tínhamos ido juntos para o Peru no ano de 2009 e eu já sabia bem a rotina que iria enfrentar caso aceitasse o convite, pois, Kadinho é o surfista mais motivado e viciado em surf que já conheci nessa vida. Ele é aquela pessoa que dorme muito cedo e acorda mais cedo ainda e passa o máximo de tempo que o corpo humano pode aguentar sobre uma prancha de surf. É uma coisa impressionante a disposição que esse garoto de meia idade tem. Mas ele não estaria sozinho nesse projeto. Seu amigo de longa data, o lendário surfista cearense Pena, também estava escalado para a missão. E se por um lado o Kadinho era o cara que colocava a pilha no projeto, planejando, estudando, analisando avaliando a melhor logística e coisas do tipo, por outro lado o Pena era a personificação do “Zen Surfismo”, isto é, algo como a paciência em pessoa.

Parecia que estava tudo perfeito. Duas personalidades que se equilibravam e buscavam motivação na mesma fonte: o amor incondicional pelo surf. Mas, faltava algo. Faltava a energia do novo mundo, da era da informação digital. Algo que equilibrasse tudo o que esses dois personagens da história do surf cearense trazem consigo, como guardiões de uma história construída sob seus olhares atentos nas últimas três décadas.

Foi aí que Isabela Sousa foi convidada a fazer parte dessa equipe. Sua postura positiva perante o surf e a vida, seu sorriso cativante, suas manobras radicais e tudo o que ela representa como atleta e como legítima embaixadora do surf cearense e brasileiro para o Mundo, na condição de atual Campeã Mundial de Bodyboard,  a credenciaram a fazer parte desse projeto que buscará revelar a essência deste esporte que claramente transforma as vidas de seus amantes mais inveterados.

Com uma equipe de tamanha envergadura o convite se tornou uma oportunidade imperdível de estar presente em uma viagem histórica e de documentar para os leitores do Diário a rotina e a magia que move os amantes do tão idolatrado esporte dos Antigos Reis Polinésios, sejam eles competidores ou simplesmente surfistas de alma.

Após aceitarmos o convite e definida a equipe que comporia o que nós surfistas chamamos de “a barca do surf”, o próximo passo foi planejar a viagem.

Quando o assunto é viagens de surf, não se pode escolher datas aleatórias, pois, corre-se o risco de chegar em um determinado local esperando surfar a onda da vida e não ter absolutamente nada. Isso mesmo! Até mesmo no Havaí existem períodos do ano que não rolam ondas, por isso, a data é tão importante quanto o próprio lugar para onde se vai.

Nessa época, entre os meses de abril e outubro, é a melhor época do ano para se surfar no México. Nesse período o país recebe ótimas ondulações vindas do hemisfério sul e falando particularmente do principal lugar que pretendemos visitar, Puerto Escondido, situado no município de Oaxaca, a cerca de 800km da Cidade do México, é lá que encontraremos uma das ondas mais procuradas por surfistas do mundo inteiro. Mas também iremos para outras praias bem conhecidas pelos surfistas viajantes do mundo como Barra de La Cruz, Salina Cruz e outras que ainda não podem ser reveladas.

MAS POR QUÊ O MÉXICO É UM LUGAR ESPECIAL PARA O SURF?
A Plataforma Continental da região sul do México é bem curta e isso favorece a formação de ondas grandes e fortes, pois, sem uma extensa plataforma para ir dissipando a energia das ondulações à medida que elas chegam à costa, as ondas acabam chegando à praia com força e potência oceânicas.

“Já fiz algumas viagens de surf pelo mundo. Devo ter ido para o Havaí ao menos oito vezes e também já fui pro México. Viajar para pegar ondas sempre é uma experiência gratificante, mas ir para o Oceano Pacífico tem um gostinho diferente. Sempre gostei do Oceano Pacífico”, declarou Pena, ao comentar sobre alguns dos lugares que já teve a oportunidade de surfar e conhecer.

Segundo Pena nos conta, há poucos meses ele surfou as ondas mais fáceis, perfeitas e divertidas de sua vida, em uma viagem para a El Salvador, na América Central. Por isso o desejo de surfar no México, pois, a caça pela onda perfeita é infinita e não pode parar. E como essa região do Pacífico já se mostrou bem amigável, é por lá que iremos atacar as ondas e torcer para que os deuses do surf nos permitam surfar as melhores ondas de nossas vidas.

O TRASLADO ATÉ NOSSO DESTINO
Em nosso planejamento, optamos (ou melhor, o Kadinho optou, já que ele é o encarregado com a logística desse Surfary) por voar de São Paulo direto para a Cidade do México, seguindo de lá para o estado de Huatulco. Normalmente, a viagem era feita para Acapulco, contudo, segundo Kadinho, essa rota alternativa vai nos deixar mais próximo das praias de surf e a despesa com o deslocamento até nosso destino final será bem menor.

O plano é ficar em Puerto Escondido até que um swell de ondas grandes atinja aquela porção do extremos litoral sul do México. Nesse momento a caçada começará pra valer e pretendemos sair desbravando o litoral mexicano na eterna busca pela onda perfeita em um carro que alugaremos em Puerto Escondido.

É claro que tudo isso são apenas os planos e que na realidade, não existe nada rigidamente definido. Pelo contrário, o planejamento que temos é totalmente flexível e será construído à medida que formos observando e analisando as condições de surf por onde formos passando.

Dentro desse planejamento tudo é possível. Inclusive uma passagem por Honduras, país da América Central que faz fronteira com o México, relativamente próximo de onde estaremos.

AGORA É SÓ ESPERAR PRA CONHECER O MÉXICO PELOS OLHOS DO SURF
Então é isso. Nas próximas duas semanas estaremos juntos, aqui nas páginas do Diário, mergulhados mais uma vez no incrível mundo do surf, esse esporte fascinante que transforma vidas e o mundo ao seu redor.

Vamos nessa e embarque conosco em mais uma expedição à procura da onda perfeita e de quebra, conheça o México através dos olhos de quem tem a natureza como refúgio em um mar doce lar.

DICAS IMPORTANTES
Desde novembro de 2010 não é preciso mais Visto Mexicano para entrar no país. O ideal é que você tenha Visto Americano, mas caso você não tenha, deverá entrar no site do consulado mexicano e preencher uma autorização de imigração, um procedimento rápido e sem burocracia.

Acompanhe essa viajem acessando o blog http://blogs.diariodonordeste.com.br/manobraradical.